Perdão

Exercitar o perdão é uma das práticas das mais desconfortáveis que eu conheço. Sempre que pensamos em perdoar, pensamos logo em perdoar o outro, quem fez algo que não foi legal conosco, sempre apontando para fora, como se não fossemos capazes de ferir ou magoar ninguém.
O perdão é definido como uma decisão de deixar de lado sentimentos como raiva, ressentimento e retribuição em relação a alguém que acreditamos que nos prejudicou. No entanto, é bem mais fácil sermos generosos em nossa capacidade de perdoar os outros. Sendo bem mais duros com a pessoa que deveria ser a mais importante do mundo: nós mesmos.
Não é nada fácil olhar para dentro e começar a exercitar o perdão de dentro para fora, aceitando a si mesmo e aos outros como realmente somos, conseguindo não nos prendermos a mágoas antigas, a rancores, compreendendo nossos próprios erros e entendendo que naquele momento, era como conseguíamos ser. Tarefa árdua!
Porém, perdoar é a cura mais potente para todas as nossas mais profundas dores. Se tem algo libertador e que pode nos impedir de vivermos em paz é não perdoar, seja a quem for! Caminho difícil de ser iniciado, mas extremamente importante para prevenção de dores e doenças físicas e emocionais. Já pensaram nisso?
Para começar o exercício do perdão, comece por você mesmo. Perdoar a si mesmo é um fabuloso renascimento, sendo necessário primeiramente aceitar o comportamento, aceitar o que aconteceu e estar disposto a superar e seguir em frente, sem ficar remoendo o passado. Literalmente virar a página.
Os 4 R’s do auto perdão são: responsabilidade; remorso; restauração e renovação. Comece refletindo sobre estas palavras tente compreender suas emoções, para tomar consciência, esta é a parte mais importante para começar a perdoar a si mesmo.
Aceitar a situação e ter compaixão consigo mesmo, enfrentar o que aconteceu, sem ficar racionalizando e inventando desculpas para se justificar. Se você decidiu se livrar disso, olhe para a situação, pois ao assumir a responsabilidade e aceitar que você se envolveu em ações que machucaram e prejudicaram outras pessoas, você pode evitar emoções das mais negativas, como arrependimento excessivo, culpa e vergonha.
Um pensamento que ajuda muito é refletir que todo mundo comete erros e tem coisas pelas quais sente pena e arrependimento, isso tudo faz parte da evolução humana, não há como crescer como pessoa sem errar no meio do caminho. Mas como queremos ser pessoas sempre melhores, quando buscamos o crescimento, a evolução, nos deparamos com estas situações onde apenas nós mesmos poderemos mergulhar fundo lá dentro e ressurgir livres de culpas e remorsos.
O sentimento pode ser tão intenso que pode começar a impactar o corpo. É aqui que entra o meu alerta como educadora física. A somatização destas emoções pode resultar em insônia, enxaqueca, problemas digestivos, náuseas, dores nas costas, disfunções articulares (como as da articulação da mandíbula), dores crônicas, lesões repetitivas, dentre outras. Quando algo incomoda em nossa mente, é refletido ao nosso corpo das mais variadas formas.
Já me deparei com muitos casos onde nada passava a dor da pessoa, nem mesmo o tratamento mais caro, com o melhor médico, as melhores fisioterapeutas, os melhores treinamentos físicos, nada deu conta de melhorar a dor, apenas quando indiquei uma psicóloga, quando houve contato com as dores emocionais e houve finalmente o perdão de uma determinada situação, que as dores físicas puderam ser aliviadas, dores de anos puderam ser reorganizadas e a partir daí os tratamentos médico, fisioterápico e físico geraram resultados.
Seja uma dor, o emagrecimento, problemas de sono, de saúde, olhe para dentro de si e treine o auto perdão. Utilize este exercício como uma meditação. Apenas pense em situações que lhe incomodam e resolva-as se possível, sendo gentil e compreensivo consigo mesmo. Caso não consiga, procure ajuda profissional e sinta sua vida fluir.
Se formos para um lado mais teológico, Jesus nos ensinou na Oração do Pai Nosso a como lidar com o perdão, Ele diz: “…Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores…”. Está escrito. E que assim seja. Muita saúde a todos.

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